terça-feira, 27 de março de 2012

Absurdos discursos

No jantar anual. A rua estava calma. Uma sombra estava a segui-lo.
Um jovem gordo, amarelado, ramelado, com um passo ruidoso sorria.
No fundo Zé era um fanfarrão. Hoje faltava-lhe um sapato que estava no fundo da sala perdido e ele estava zangado. Estendeu os braços carinhosamente mas não o alcançou, era demasiada a gordura!

- Boas noites senhor.
- Boa noite.

Que Karma o dele, ter de aturar aquele bigorrilhas que tem sempre uma solicitude matreira.
Subitamente, em posição de rosnido feroz, ele entrou em pânico, tropeçou numa jovem e disse:
- Xiça!
Uivava com dores e só praguejava, parecia falar russo.
- Olha, aguenta-te, disse ela.

Valter deu um passo atrás. Pediu desculpa, uma desculpa entaramelada, quase engolindo o cigarro, cuspiu e caminhou em frente.

- Vejam bem ali, aquele ser viscoso e libertino todo convencido, disse ela.

O calor continuava visceral, sólido e exacto. Mais um momento e desmaiava.

- Vamos já tratar disso. Ora vire-se para lá, disse o médico.

Um bolo abominável sorria e ele tremendo tirava o creme que lhe escorria entre os olhos. Por fim, levantou-se e atirou, ofendido, um murro demolidor ao bolo no balcão.
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