segunda-feira, 20 de junho de 2005

Fermentação

Os corpos são partes fragmentadas que se sustentam por fios carregados de estímulos. Todo o corpo vibra quando queremos fazer sentir algo para o exterior, o essencial é não nos sentirmos ridículos, ou pelo menos se nos sentimos ridículos desfrutemos dessa sensação. Tudo não passa de um forte processo que marca as pessoas, no fundo nós é que somos um pouco encenadores de nós próprios durante toda esta folia teatral.
São precisos os silêncios, as pausas, as virgulas e os pontos finais… é preciso espaço, e tê-lo é conhecê-lo e saber suportá-lo.
Ouve o outro e sorri por ele ainda te dirigir a palavra, mas pede para que ele o faça sem mágoa ou arrogância, pois as minhas compotas no pão estão todas fermentadas! O lixo já não aguenta com o seu peso e odor, é forte demais! Coitadinhas eram tão docinhas as minhas compotazinhas, e agora tornaram-se numa massa espessa e putrificada de sabor e cor. Por isso façam todos um silêncio, pode ser de um minuto ou mais, todos os minutos que desejarem até sentirem a força que brota do vosso olhar interior. Falar sem tremor, sem temor, e com valor é agradável, é importante e tão saboroso como os actos involuntários que praticamos ao longo do dia. O nosso grande desafio é reproduzi-los aparentemente numa inconsciência volátil, é não deixar que as gargantas sequem, e projectar bem a voz para o espaço, seguem-se os aplausos e por fim recarregam-se as energias.
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