Futuro

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- O que entendes por Estado Novo?
- Viver sem paz.
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Estava na berma da estrada, ostracizado, um caderno que guarda o esforço de uma rapariguinha, que era uma criança antes de entrar na sua adolescência, durante o seu sexto ano de escolaridade. Mas estava este muitíssimo bem conservado, entre outros trabalhos de uma infância, que ali jaziam desprezados. Achei muito interessante a ideia de poder perscrutar algo que se passou há alguns anos (já em "tempos modernos", viragem de milénio, quase), algo que se passou distante de mim, numa alminha bem diversa da minha. E foi deveras interessante ver a caligrafia cuidada, o esforço metódico de se tentar aprimorar numa labuta que foi com certeza a sua vida até aos nossos dias, que suponho que seja uma estudante de hoje. Estava, na altura, a tentar formar a sua personalidade, muito provavelmente sem o saber ou sequer ter disso noção. Muitas perguntas incidiam no tópico da Revolução dos Cravos, muita tentativa de entendimento. A Sofia Isabel tentou realmente perceber o que se passou neste país nos anos de 30 a 70, e quem eram aqueles homens fardados que entraram pela capital nos seus tanques, mas nús, e quiseram com toda a força que tinham que acabasse o Estado a que aquilo tinha chegado.

Não sei se ela hoje em dia compreende o que foi o 25 de Abril, ou quem foi Álvaro Cunhal, quem é Mário Soares ou as razões do Capitão Salgueiro Maia. Mas são lutas que acho importante não terem sido em vão.