segunda-feira, 13 de junho de 2005

Instrumento de vida

Despertei para um sorriso de maestro, como só de maestro, que personifica a confiança. Despertei para sonhar que ele me vai prender e embalar a memória, aquela que me foge e esvoaça entre os gestos que tergiverso desengessando a discórdia. Mas pergunto-me se tem de ser assim o resto do tempo da minha vida. Numa sala de pessoas acolhedoras e na desenvoltura do bom humor e partilha, posso ambicionar conhecer-me e multiplicar-me, fazer do meu desejo arte. E no restante do meu existir terei eu de me refugiar nos meus medos, nessa sensação incrível de estar prevenido e escondido de tudo? E estar atento a todos os detalhes a essa distância? Não é possível, com toda esta ganância de desvelar o mundo de surpresa, com ambas as mãos e a violência da paixão. E o sossego do sorriso deste maestro que não me olha nem me conhece, mas espera de mim que complete a harmonia da beleza desse sorrir.
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