terça-feira, 10 de maio de 2005

Germinações

Com a alma e com a razão, sem razão aparente, distraio-me no gozo de fingir ser as coisas. Sempre que isto acontece, há um sismo nos meus sentidos, tenho os olhos fechados, sou gritos e berros, sou, de repente, o jarro no canto da sala; transformo-me num lobisomem ferido, são réplicas e réplicas de sorrisos premonitórios de que vou chorar. O que é simplesmente impossível. Então, passo uns minutos a ajeitar os óculos, procurando o modo como pareço mais velho, e apago qualquer expressão dos lábios. A minha noção do mundo, aí, alarga-se e troço de Gulliver. E do Super-Homem. Só para depois sentir que tomo um café quente com a Lous Lane que enverga o busto de Kierkegaard. Nunca me calha em sorte uma Lous Lane decente. Porém ainda se não discursasse como Descartes. . .Mas convenço os três de que devo retirar-me para divagar.
No meio destas obliquidades, reparei num homem simples que percebe das coisas. Gostava que o meu cenário fosse a praia quente e crepuscular, onde distasse meras pegadas de qualquer homem simples. Mas este compreende a vida, e o que eu digo. Pois que extraordinária promessa! Será que eu venho paginado nas marés, que me torno óbvio quando as pegadas se dissolvem? Só quero saber, e vou indagar, como se simplificam os homens. À minha sombra, que sempre me acompanhou, afinal, devo toda uma perspectiva. As únicas coisas que aprendi caminhando na areia, e voando, e lendo, tremendo e uivando, foi como ser inseguro, porque a vida parece maldita, e que um abraço nunca é demasiado para pedir.
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