segunda-feira, 20 de julho de 2009

Do quase Ser

Um homem encontrou uma vez um jardim abandonado
Que por não ter flores, nem árvores sequer
Mal conseguia jardim ser.
Pouco mais que um banco e um silvado lá havia
Mas o homem gostava de lá ficar sentado
E parecia-lhe aquele jardim poesia.

Lá plantou uma árvore de folha perene e ramos compridos
E sonhou que pássaros lá gostassem de poisar.
Quando a árvore deu flores, e pássaros, pensou ser para lhe agradar
Mas quem via a árvore, o banco, o homem e o silvado
Não imaginava que estavam irremediavelmente unidos
E que eram um jardim, ainda que imaginado.

Um dia, o homem, envelhecido, emudeceu
Viu o seu jardim quase centenário
Desaparecer subitamente, pela pá de um operário
Viu lá surgir uma estrada grande, trânsito desordenado
E então, velho e mudo, também desapareceu.
Nem sobrou a árvore, por se encontrar no traçado.

Ninguém, quando o velho do jardim era jovem
Percebia ali poesia alguma
Mas a poesia estava era no homem.
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