Marcas vincadas
Com as mãos a tremer, num pulsar de adição grito para o mundo que quero o furacão do jogo sórdido e doido do toque. O gesto ofegante, a palavra que cai com os cabelos para trás sobre as nuas costas. É um pulsar que arrepia, que alerta e vicia. De olhos fechados os pés dançam sobre a pista. A música está na nossa cabeça, alienada do mundo, tudo são mãos, pés e sorrisos fortuitos. É o nervosismo da ausência, o medo da queda livre sobre o corpo. São frases rápidas as testemunhas das mãos serradas sobre a vontade de querer mergulhar nesta louca profundidade. A linha é tão sumida, tão lesto o pensamento, só o corpo é voraz.
Dançam ambos como mergulhados em notas musicais palpitantes. Já não há saliva, já não há querer, só o encanto da mente. Ela faz o desenho com as marcas vincadas do carvão, como consegue ser bela a fúria do tracejado e pouco serena a violência da mancha de tinta seca. Ficamos mais um tempo a viver esse parágrafo perfeito, pensamos que ninguém conseguiria transpor tão belas palavras até que abrimos os olhos e cessa a imagem.
Dançam ambos como mergulhados em notas musicais palpitantes. Já não há saliva, já não há querer, só o encanto da mente. Ela faz o desenho com as marcas vincadas do carvão, como consegue ser bela a fúria do tracejado e pouco serena a violência da mancha de tinta seca. Ficamos mais um tempo a viver esse parágrafo perfeito, pensamos que ninguém conseguiria transpor tão belas palavras até que abrimos os olhos e cessa a imagem.
Etiquetas: Num fim de tarde...
<< Home