sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Violeta

Os corpos eram voláteis naquela terra. Era o tempo amarrado ao solo, e as nuvens, de rosa e escarlate, ascendendo lentamente na atmosfera luzidia. Havia pessoas, eu sentia as ideias. Não percebia o que via. Tão subitamente aparecia a meus olhos toda a gente, que vinham sob forma de sonhos. E cada um tinha algo para me mostrar. E eu que afirmava vir de longe, e eles que declaravam paz e chuva de Verão. Não era fácil o estar ali. Era estar sempre demasiado perto, e era sentir todos os aromas. E era aprender a ser figura sem geometria, era conseguir ter um sorriso. Porque é quando precisamos que nos vemos verdadeiramente do avesso, e esta gente vivia do avesso. A ocasião parecia festiva, na altura da minha chegada, e eu entendi que era bem-vindo. Por alguma razão, deu-me vontade de fugir. Por outra razão qualquer, pareceu-lhes lógico, aos avessos, que eu tivesse tido essa vontade, e despediram-se de mim, agarraram-me e feriram-me, e fizeram com que corresse, no mesmo sítio, sem parar. Não me saíam da cabeça as faces, os chamamentos, as crianças. E nessa altura parei, e fui vontade.
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