quinta-feira, 28 de julho de 2005

Ecoar

Ao passar do tempo, oiço as palavras que me perfuram o silêncio tumular. Palavras audíveis com que rasgo as convenções e maltrato o bom senso. Com elas travo esta impaciência insana que ganhava voz dentro de mim, vou prendendo o pensamento louco, os pensamentos medonhos e desgovernados, tomo-os nas rédeas sintáticas e acondiciono-me nos estribos verbais. Desta forma, dou razão às acerbas vozes que choveram durante a noite, e pinto de ouro os meus obstáculos. Afago e afasto-me dos meus ídolos e idolatrias, tudo isto respeitando a minha vontade caprichosa de posicionar os dentes, lábios e língua de maneira a reproduzir a minha alma. Assim é melhor, tudo é mais fácil quando há alguém que culpar. Arranjei vistas para o mundo inteiro visto das minhas costas, assinei uma reclamação só para alguém a digerir desafiadoramente, e fiz vistas largas, que cultivar o mal não é para mim, sou mero praticante. E quereria trazer gente comigo. . . Sou uma criança em balancé, ora berro do alto, ora berro do baixo, o que há é que berrar, nem me oiço de outra forma. Esqueci-me de querer bem aos que bem me querem, quis ser livre, e tive apenas a triste ideia de ser eu.
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