terça-feira, 12 de julho de 2005

Ressalto

E, meditabundo, afasto-me do mundo envolvente para esvaziar-me de tudo. Os assuntos e perspectivas que admiro persistem infamemente ligados ao lixo dos sentimentos humanos, que toma forma em mim mais firmemente do que quero. Então, venho circundar-me de mar, afogar-me entre as rochas e repousar no seu quente para sentir as minhas mais verdadeiras necessidades. Um grande mistério para mim, maior do que o que é necessário que eu faça, é o que sinceramente é necessário ou fundamental que seja feito independentemente de tudo o resto que me rodeia. Um suspiro a mais, um bruto ressentimento ou um exagerado e oculto desassossego notam-se mais nítidos no contemplar da água límpida e suavemente revolta. O marulhar, a maresia, o horizonte brilhante, o sal da vida, e o traseiro achatado são a pureza que me invande nuns poucos segundos de falta de lucidez. Avassala-me de pronto a civilização, mas regresso inexplicavelmente sorridente e de confiança intacta, convencido de que sei para onde vou. Aprendo-me.





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