domingo, 17 de julho de 2005

Nostalgia do Amor

A rotina de um bom português que se levanta no seu único dia de descanso, Domingo, bem cedo, compra o jornal e sai para tomar o seu primeiro e longo café do dia numa esplanada bem junto da sua casa; não vá apanhar algum ar nefasto à sua saúde, existe por falta de um bom par de pernas.
Deitarmo-nos na cama e sentir um par de pernas, cabeludas ou imberbes, consoante os gostos é de facto o nosso prémio de consolação por existirmos com tantos defeitos e mau humor. Pior do que um mau humor é um mau amor!
Adormecemos com o maxilar pendurado resmungando umas palavras balbuciadas pelos lábios quase inertes, e acordamos com uma sensação terrível de que o mundo inteiro está em cima de nós a cobrar-nos as ofensas.
Com um mau amor nós, enquanto não sentimos o odor dos maus hábitos, vivemos preenchidos de alguma maneira, nem que seja à maneira antiga. Depois descobrimos o amor com a sua essência venenosa e passamos o tempo entretidos a dizer mal dele, mas agora dedicados a um único elemento, vasculhamos as mais variadas artimanhas para lidar com ele. Por último temos insónias, não conseguimos comer, não temos forças para dizer mal do mundo; e entramos num processo de auto-mutilação psicológica, mas terminou tudo. Terminou tudo, terminou o cheio e começa o vazio, a nostalgia... resta-nos o amor! Ele, feito e sentido, ele, nu e cru, o amor.
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