sábado, 21 de janeiro de 2006

Tactos

Uma suspensão de dor no corte da pálpebra amena pousada sobre o réu ombro. Uma evasão que sai pelo quente da boca até ao julgado pescoço, os poros que riscam pequenas claves cujo sol ilumina o tom suave. Todas as depressões e covas mais fundas e estreitas se agitam para prestar atenção, todas as falanges se curvam e correm afugentadas pelo mergulho dos seus troncos na água fria. Sentem, pois, os seus corpos a serem raspados por uma manta gigante de indefinidos movimentos até se sentirem descompostas, desarranjadas, feias no meio do corpo nu!
O piso está negro e o sangue está parado, ao longe avistam-se claridades subtis até se entrar na floresta negra. Mil impressões trespassam o piso e avançam sobre o mais secreto vale. Está húmido, há nevoeiro, o terreno é movediço e escorregadio, os dois grandes olhos avistam de forma selvagem os picos altos das mais belas montanhas. O rio de odor começa a emergir e afoga todos os que ficam atentos à sua passagem, só fica o rasto do desejo cansado.
O vento acalma e tudo esmorece num repouso eloquente de vibrações soturnas e quentes, amanhã terá de se compor tudo novamente…

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