domingo, 1 de outubro de 2006

Uma forma bruta

Sem conhecer, avanço sobre o caminho do conhecimento, chego no vazio, sinto no escuro, nem uma palavra! Quais os caminhos para conhecer? Quereremos nós conhecer? Vou por mim e esqueço o resto, penso que não dou nada, mas talvez dê, o nada resume-se ao tudo dos outros. Entro, olho, sinto o nervoso piscar dos olhos, o ritmo da descompassada respiração, os gestos inacabados involuntários, o querer. Vamos querer sem falar desse querer, vamos sentir de outra maneira, outra via. O meu desejo é entrar. Vamos misturar as respirações, corpos, instintos. Nem uma palavra, sai-se com a sua parte.
Como será falar com os outros e não se saber as obscuras acções e pensamentos? Será impessoalidade, fragilidade latente? Há um momento privado. Que pensar sobre ele nos outros? O pensamento é algo de excitante por ser indecifrável, lúdico, mesquinho, indomável. Conhecer torna-se um controlo do querer sobre o que é uma violação do privado, do íntimo, do meu…
Daí surgem as palavras, as ponderações, os diálogos… e se abdicarmos de tudo e ficarmos só com o corpo como resposta? A memória física leva-nos à constante procura do instinto, ela está lá, vai emergir sozinha sobre o teu peito quando sentires suor e arrepios, aí ela ganhou sobre a tua vontade intelectual. O desejo animal de conhecer leva-nos como loucos à viciante pista do criar mil imagens num minuto, e querê-las a todas de uma forma bruta.
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