quarta-feira, 21 de setembro de 2005

A virtude do impossível

O destino somos nós na busca do eterno. O destino incomoda. O eterno não. Aparenta ser fácil de se explicar, a nossa ânsia de saber o que somos, a nossa vontade terrível de pertencermos a nós mesmos, e à nossa própria vontade. Há almas em que noto perfeitamente: é a demanda da perfeição, do ser tudo em si, ver e reparar em tudo, comandar tudo o que se quer comandar. E esse escrutínio é cíclico, em cada pessoa e em todas as pessoas. As voltas que o mundo dá deixam de ser ao acaso aos olhos do melhor dos seres humanos, e esse mesmo percebe do que realmente se trata toda a sua vida. Parece-lhe que é uma promessa feita, parece-lhe que é um amor de entre a colecção dos seus, mas o maior. Aos seus olhos, é uma espécie de essência etérea composta por tudo o que achou belo ao longo da vida. Belo e bom. Pensa que é o desfile das boas acções dos beneméritos, a listagem dos homens que conseguiram o que se propuseram fazer em prol da humanidade, a cor brilhante, o fogo de artifício e as festas de aniversário. Pois não é isso, nada disso, nem dentro do mesmo estilo. Isso é tudo o que o fez entrar na perdição, no desespero da frustração e o levou a despedir-se pleno de lágrimas e remorso. Partiu para o eterno aflito, julgando que falhou no ínfimo pormenor que, afinal, seria o mais importante. Isso porque ignorou aqueles momentos da sua vida em que quis bem a alguém e não pôde dizer-lhe, e o que sentiu nessas alturas. As necessidades que temos e que nos levam às pessoas são detalhes que não devíamos esquecer para nos conhecermos realmente. Aprender a lidar connosco é aprender, verdadeiramente, o que há por aí que possa ser aproximado ao eterno, e nós não somos certamente fáceis de lidar, como teremos certamente mil pessoas que possam atestar isso para cada qual.





-> Eu sorri porque me lembrei das palavras dela. . .Estavam lá para eu as ouvir, muito antes de existir a minha atenção. É flagrante tudo o que eu sou e tudo o que me apraz, são os pedaços da minha sanidade que flutuam pacificamente num mar de nuvens que chovem alegrias, e isso é facilmente perceptível por qualquer um que esteja a ver o que se passa. Lembrei-me realmente do que está guardado em mim desta pessoa cativante, desde os delírios mais desviantes que foram da maior sensatez que já provei, até ao sorriso que foi provocado por uma piada sem qualquer lógica para mim, para ela, que só nos era querida porque era semelhante a toda uma eternidade feliz.

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