Do quase Ser
Um homem encontrou uma vez um jardim abandonado
Que por não ter flores, nem árvores sequer
Mal conseguia jardim ser.
Pouco mais que um banco e um silvado lá havia
Mas o homem gostava de lá ficar sentado
E parecia-lhe aquele jardim poesia.
Lá plantou uma árvore de folha perene e ramos compridos
E sonhou que pássaros lá gostassem de poisar.
Quando a árvore deu flores, e pássaros, pensou ser para lhe agradar
Mas quem via a árvore, o banco, o homem e o silvado
Não imaginava que estavam irremediavelmente unidos
E que eram um jardim, ainda que imaginado.
Um dia, o homem, envelhecido, emudeceu
Viu o seu jardim quase centenário
Desaparecer subitamente, pela pá de um operário
Viu lá surgir uma estrada grande, trânsito desordenado
E então, velho e mudo, também desapareceu.
Nem sobrou a árvore, por se encontrar no traçado.
Ninguém, quando o velho do jardim era jovem
Percebia ali poesia alguma
Mas a poesia estava era no homem.
Que por não ter flores, nem árvores sequer
Mal conseguia jardim ser.
Pouco mais que um banco e um silvado lá havia
Mas o homem gostava de lá ficar sentado
E parecia-lhe aquele jardim poesia.
Lá plantou uma árvore de folha perene e ramos compridos
E sonhou que pássaros lá gostassem de poisar.
Quando a árvore deu flores, e pássaros, pensou ser para lhe agradar
Mas quem via a árvore, o banco, o homem e o silvado
Não imaginava que estavam irremediavelmente unidos
E que eram um jardim, ainda que imaginado.
Um dia, o homem, envelhecido, emudeceu
Viu o seu jardim quase centenário
Desaparecer subitamente, pela pá de um operário
Viu lá surgir uma estrada grande, trânsito desordenado
E então, velho e mudo, também desapareceu.
Nem sobrou a árvore, por se encontrar no traçado.
Ninguém, quando o velho do jardim era jovem
Percebia ali poesia alguma
Mas a poesia estava era no homem.