sábado, 4 de novembro de 2006

Corpus

É tudo uma questão de fluxo, fluído. Porque a energia não é sempre igual, porque nos pode conter em nós ou estando ancorada em nós ser projectada para fora, para o lado do desenho, do contorno de nós. Assim, levantamo-nos de manhã e deixamo-nos estar no local e o que se mexe é apenas o nosso contorno, o desenho, o esboço da certeza que somos nós mesmos. Seremos mesmo nós? A mim soa-me a um contorno vazio e no seu centro está somente o pensamento e não também a matéria, a energia vital. Esse fluxo tem uma memória, tem uma vida própria, pensa e age sem o comando intelectual. O emocional dá lugar ao vital, ao intuitivo. É preciso estoicismo para o reconhecer como um grande aliado e dar-lhe a sua merecida liberdade. É preciso sentir de facto e não dar ao sentir o lugar do pensar sobre o engano, a falácia. Caso contrário, ele empreende a função viciada de viver na sombra, e isso causará muitas instabilidades pois o que fica verdadeiramente somos nós e são a nossa sobra. No desaparecimento deveria ficar o nosso esboço de pensamentos e eternizar-se a nossa memória vivencial. No entanto, para isso é preciso que haja uma pulsão maior que nos faça passar o limite do nosso corpo, ou aquilo a que estamos habituados a chamar de corpo. Nessa altura virá a percepção de que somos muito maiores, muito mais amplos, mais atingíveis, mais constantes e conhecedores… enfim seres satisfatórios!
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