quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Caem

Caem azuis, lânguidas pelas cordas traçadas. Quem as concentra desconcentra o ambiente, ele muda, torna-se cativo dos nossos pensamentos. O tom castanho mesclado embriaga os sentidos, se a vibração pára nós ficamos suspensos na respiração. Desde o aperto firme e rotativo dos quereres e o estiraçar dos nervos o toque torna-se muito mais sensitivo, tonitruante, ardiloso.
Consterna, alterna, deixa tudo inconsciente de perfil cerrado e desatendido… é um calafrio oprimido conseguido após a confusão.

sábado, 21 de janeiro de 2006

Tactos

Uma suspensão de dor no corte da pálpebra amena pousada sobre o réu ombro. Uma evasão que sai pelo quente da boca até ao julgado pescoço, os poros que riscam pequenas claves cujo sol ilumina o tom suave. Todas as depressões e covas mais fundas e estreitas se agitam para prestar atenção, todas as falanges se curvam e correm afugentadas pelo mergulho dos seus troncos na água fria. Sentem, pois, os seus corpos a serem raspados por uma manta gigante de indefinidos movimentos até se sentirem descompostas, desarranjadas, feias no meio do corpo nu!
O piso está negro e o sangue está parado, ao longe avistam-se claridades subtis até se entrar na floresta negra. Mil impressões trespassam o piso e avançam sobre o mais secreto vale. Está húmido, há nevoeiro, o terreno é movediço e escorregadio, os dois grandes olhos avistam de forma selvagem os picos altos das mais belas montanhas. O rio de odor começa a emergir e afoga todos os que ficam atentos à sua passagem, só fica o rasto do desejo cansado.
O vento acalma e tudo esmorece num repouso eloquente de vibrações soturnas e quentes, amanhã terá de se compor tudo novamente…

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Mesa de café

-Porque o fizeste?
-Diverte-me.
-É?
-Cala-te.
-Sabes bem que. . .
-Cala-te.



-Porquê?
-É o que me liga ao mundo.
-Só isso?
-Antes isso que nada, porra!
-Não te. . .
-Não estou exaltado.
-Tu sabes qual é o teu problema?
-Sei.
-E não fazes nada?
-É isso.
-Então está resolvido. És lunático.
-Sim.
-Tu. . . Se eu me deixasse enervar tínhamos aqui caso.
-É. . . Mil e uma coisas que reténs no peito! E nem te ouvem uma única palavra de angústia. Parece-me que se deixas passar mais um dia, explodes, levas no vento nuclear a inveja, a comiseração, covardia, o ciúme… o delírio. . .Se sei o que é esse egoísmo!. . .é realmente não te lembrares de sorrir, os lábios prenderam-se de movimentos e o discurso ficou trancado, não se aprende nada contigo. E mesmo com toda a boa vontade do mundo, quem é que vai rastejar o próprio orgulho ao teu lado durante muito tempo? Que traste de miséria; que rica miséria! Lá pela tua frustração . . Arrastas o corpo de mentira em mentira tão devagar que. . .que te tornas na pior das invisibilidades. Uma que chateia. Raios! Olha para mim, acorda. Estou aqui a fazer o quê?
-Falas comigo?
-Traste. . .
-Tu é que és triste. . .fechado no teu ciclo de culpas.
-Já passou.
-E então explicas-me o bonito serviço?
-Cala-te.
-És um doido; e com toda a elegância de um. . . .

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Entre metades e meios

Mesmo sem água vai e enfrenta essa maré de pensamentos... toma a tua garrafa de água de um copo vazio e saceia-te... Se não encontrares a tua cara metade, encontra-te a ti!
Afinal, quem disse que a nossa cara tinha uma metade a não ser a simétrica da nossa mesma face. Procura é a tua cara de pensamentos e desejos e não a metade deles. Exige o inteiro, quanto mais não seja porque a metade pode encontrar outro meio de se colar ao inteiro...

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Um cenário diferente!

Hoje escolhi um cenário diferente. Peguei nas minhas coisas e fui para a Praça do meu quarteirão, trouxe tudo comigo: a minha cama, os meus lençóis, a bacia, um jarro de água, pão, manteiga e leite, e claro, a minha mochila.
Desfiz a minha cama e dormi sobre os meus lençóis, estava frio, mas depressa adormeci e comecei a sonhar. Enquanto esperava pelo peso das pálpebras olhei para o céu negro e pesado sobre mim, as árvores eram altas e com as suas copa densas faziam um barulho de verão, mas agora o meu sol estava branco e luzente por entre as estrelas. O meu medo de invasão provocado pela noite depressa se foi diluindo com o repouso do corpo. Abri os olhos e ainda estava no mesmo sítio, com as mesmas árvores mas desta vez o dia amanhecera encoberto, levantei-me então e despi-me, estava ainda mais frio, olhei para a bacia e a água estava com um ar gelado, ganhei coragem e lavei o rosto e também as partes essenciais. Vesti-me e cortei o pão com as mãos e pus manteiga, que estava dura, com os dedos, e bebi directamente do meu pacote de leite, soube-me bem.
Pus as coisas na mochila e vim para a escola. No meu caminho, olhando para as pessoas que passavam já estava mais desperta e quente quando de repente, acordei! Peguei então nas minhas coisas e pu-las no mesmo sítio, reparei então que já estava atrasada e fui a correr buscar a almofada que tinha caído para o outro lado da cama durante a noite.
Estava gelada, tive a sensação de que tinha dormido ao relento toda a noite!
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